"One of my favourite things to do is to sit with my elderly father who has Alzheimers. It's a beautiful thing just to sit a place of profound not-knowing with him, a place where I do not know what to say or do. I sit, without expectation, without trying to ‘fix’ him, or manipulate his experience in any way. I just listen, without trying to make things better in the moment, without playing the role of ‘the one who knows’. As consciousness, I am simply available to him. I don't need to 'know' anything in this place, for we are each other. I simply cannot tell who is the one with memory loss. And here, I notice a deep and profound acceptance of any wave of frustration or sadness that appears in the ocean of experience. His pain, my pain, there is no difference at all. And this seems to me to be what true relationship is at its very core - meeting, really meeting in the moment, without hope, without a future, without expectation, without a story. Coming face to face with yourself. Nobody meeting nobody."
[ Foster, J. (www.lifewithoutacentre.com) ]
sempre que chego ao pé dela roubo-lhe um beijo entre um sorriso, responde com um beijo também, numa doçura que ultrapassa o entendimento da situação. elogio a sua beleza e pergunto como vai a vida. riposta encolhendo os ombros e pergunta a primeira coisa que lhe passa pela cabeça. respondo de acordo com o meu entendimento no momento e sobre o momento. ficamos ali num monólogo da vida a fazer lembrar as velhas e longas conversas... as conversas do chá preto ao fim da tarde, com uma doçaria tradicional ou umas bolachas maria (sempre escondidas no armário). as conversas dos passeios à beira mar, interrompidas pelas ondas ou pelas pedras do paradão. as conversas no caminho até ao cemitério, para rezar por quem já partiu, e também por quem cá ficou. as conversas entre as lides da casa e do campo, porque dá gosto estimar o lar. e as conversas nos animados jogos de cartas, que invariavelmente ganhava.
ainda reconheço alguns episódios entre a lengalenga nem sempre perceptível, que completo com as minhas lengalengas, que também nem sempre são perceptíveis, nem mesmo por mim. por vezes rimos. por vezes choramos. por vezes ficamos apenas a beber os raios de sol que escapam entre as folhas da nogueira e deixamos o tempo passar. mas, todas as vezes sabe bem, mesmo quando ela não está totalmente em si, e mesmo quando eu não estou totalmente em mim.