{Alzheimer, please remember me...}

Todos nós já ouvimos falar desta doença, e por vezes até brincamos com frases do tipo "o alzheimer não perdoa", e na verdade, não perdoa mesmo.
Temos um conhecimento mais ou menos profundo que é uma doença degenerativa, que é progressiva, faseada e que até agora não tem cura. Este mal começa por atacar o hipotálamo e o sistema de memória a curto prazo, até à pessoa deixar de conseguir produzir novas memórias. Seguidamente expande-se para a área responsável pela linguagem, depois a percepção, a lógica, os movimentos... o doente começa a ficar completamente dependente das pessoas que o rodeiam. A fala torna-se difícil e incompreensível, a memória a longo prazo começa a perder-se, o doente começa a ter variações de humor, alucinações, incontinência e um conjunto de manifestações físicas e emocionais relacionadas com a doença....
É muito difícil para as pessoas que o rodeiam... Contudo é muito mais difícil para o paciente que vê a sua vida literalmente cair no esquecimento, se perde e fica enclausurado dentro de si próprio. É um mal cansativo, desgastante e triste, implacavelmente triste.
Na bibliografia vem todos estes detalhes sobre a doença, como identifica-la, com entende-la como tornar o meio ambiente mais agradável para o doente, por exemplo:
- mantenha um ambiente calmo, evite barulhes, fale calmamente, olhe nos olhos, transmite confiança e tranquilidade
- deixe o paciente fazer o que consegue, ao seu ritmo; não imponha regras muito rígidas no quotidiano
- retire objectos desnecessários da casa, tenha os tapetes fixos e luzes amenas
- simplifique a roupa do doente; faça do banho um momento tranquilo (de banheira ou com cadeiras próprias para que o mesmo esteja confortável)
- mantenha o doente com algum tipo de identificação, alerte os vizinhos para a situação e fale da doença em família....

Todos os conselhos e indicações fazem parecer a tarefa mais fácil, todavia, sabemos que não é fácil, que é cansativo e frustrante, que desgasta e doí na alma quando vemos alguém a desaparecer dentro dela própria. Que custa quando a pessoa que tanto amamos olha-nos nos olhos e não nos reconhece, quando a nossa voz é estranha e quando se vira contra nós e contra si própria quando não existem culpados. Quando a vemos a chorar e a ter ataques de panico, quando a vemos perdida e não lhe conseguimos indicar o caminho, quando ouvimos as suas historias já sem nexo, quando a sentimos a alucinar e a falar num mundo que não existe, numa linguagem que não se compreende, numa vida que perdeu sentido... quando percebemos que nunca mais vai ser o mesmo e o fim poderá estar para breve...

“These days I walk into a room full of people and the only name I can remember is Alzheimer”