a vida, ou lá o que seja que andamos a aqui fazer, é uma enorme confusão. sempre a dar voltas e mais voltas, num rodopio estonteante, que me deixa zonza. enjoada de emoções, entupida de sentimentos, sufocada de ideias e intoxicada com os pensamentos. tenho a cabeça a latejar e o coração demasiado acelerado. doí-me os músculos, estou cansada. não há sono que compense estes anos de ultraje aos limites, de contra-senso e despropósito. do sabor cáustico das reminiscências de uma anterior inexistência. da identidade que não era a minha e da qual perdi o rasto.
do mesmo vazio... deixo de me lembrar. começo a esquecer. preparo-me para me perdoar. sacudo o pó e limpo o sangue ressequido. tento concentrar-me e bebo cada momento com a mesma sofreguidão de alguém que bebe o ultimo golo do cantil numa caminha pelo deserto. decantando cada experiência. procuro, assim, tudo aquilo que encontro.