[pleasant life, colorful mind]

    
    
almejamos vida perfeitas (como se a perfeição fosse definível e alcançável...), estabelecemos metas, objectivos, temos tudo impecável, sem nódoas, sem arestas, sem conteúdo. 
quando nos encontramos, e esbarramos brutalmente com a vida de contos de fadas e faz de conta que criámos, a mesma não passa de um filme a preto e branco, com um conjunto de tarefas que fazemos repetidamente apenas porque temos de fazer, de falas que declamamos sem sentimento, de horários e regras que cumprimos sem saber o porquê, numa existência iterativa, recursiva e num ciclo vicioso do qual não conseguimos sair. 
no momento em que finalmente nos conseguimos interrogar, seja por vontade própria ou por circunstâncias que a nós nos são externas, mas que há muito esperávamos por elas, tudo fica com uma perspectiva diferente. 
aprendemos que o conforto nem sempre é bom, que a descoberta é necessária e que não devemos ter medo nem receio de viver.
tudo paulatinamente ganha cor... o amor fica vermelho, a alegria amarela, a saudade verde, a amizade azul, branca, roxa, laranja... tudo ganha uma tonalidade diferente, com todos os pormenores que outrora não víamos. e a vida monocromática que levávamos fica em tons de sépia, a cor das lembranças, preciosas para não cometermos os mesmos erros, e das quais nos devemos lembrar com amor e carinho, porque nesta vida, não deve de haver lugar para ressentimento, desalento ou arrependimento, apenas para o amor com toda a sua gama cromática.



"The soul becomes dyed with the color of its thoughts."
[Marcus Aurelius]