em cada café um pensamento



Sem que alguém to peça, dás unhas, dedos, uma mão. Logo a seguir perguntam-te pelo braço. "E o braço? Está disponível para dar o braço?" O homem manda executar a operação e não pensa mais nisso. Mas continua a sentir o cotovelo onde agora tem o coto.

Ferreira, P., in Onde a Vida se Perde


{ everyone i love knows how to bleed with me }

{random life stories #2}


sentados como sempre ao final do dia no sofá. ele à direita, ela à esquerda, do lado do coração; separados apenas por uma pequena mesa redonda de ferro com uma jarra de flores meias entorpecidas pelo calor.
apenas se ouvia a luz intermitente da televisão e as falas vazias das novelas da vida, ao fundo o borbulhar vindo do fogão.
- levanta-te, vou por o comer na mesa.
escoou a água a ferver e colocou o bacalhau numa travessa, rodeado de algumas batatas e um pouco de couve para dar cor ao prato. voltou à sala, impaciente pela demora do marido.
- então, ainda estás sentado?
foi a ultima conversa que tiveram, pouco diferente de todas as outras.

{random poetry #87}


{ Men }

It’s tough being a guy, having to be gruff
and buff, the strong silent type, having to laugh
it off-- pain, loss, sorrow, betrayal-- or leave in a huff
and say No big deal, take a ride, listen to enough
loud rock-n-roll that it scours out your head, if
not your heart.  Or to be called a fag or a poof
when you love something or someone, scuffing
a shoe across the floor, hiding a smile in a muffler
pulled up nose high, an eyebrow raised for the word quaff
used in casual conversation-- wine, air, oil change at the Jiffy
Lube-- gulping it down, a joke no one gets. It’s rough,
yes, the tie around the neck, the starched white cuffs
too long, too short, frayed, frilled, rolled up.  The self
isn’t an easy quest for a beast with balls, a cock, proof
of something difficult to define or defend.  Chief or chef,
thief or roofer, serf or sheriff, feet on the earth or aloof.
Son, brother, husband, lover, father, they are different
from us, except when they fall or stand alone on a wharf.

•.•❤•.•

{ After Twelve Days of Rain }

I couldn’t name it, the sweet
sadness welling up in me for weeks.
So I cleaned, found myself standing
in a room with a rag in my hand,
the birds calling time-to-go, time-to-go.
And like an old woman near the end
of her life I could hear it, the voice
of a man I never loved who pressed
my breasts to his lips and whispered
“My little doves, my white, white lilies.”
I could almost cry when I remember it.
I don’t remember when I began
to call everyone “sweetie,”
as if they were my daughters,
my darlings, my little birds.
I have always loved too much,
or not enough. Last night
I read a poem about God and almost
believed it—God sipping coffee,
smoking cherry tobacco. I’ve arrived
at a time in my life when I could believe
almost anything.
Today, pumping gas into my old car, I stood
hatless in the rain and the whole world
went silent—cars on the wet street
sliding past without sound, the attendant’s
mouth opening and closing on air
as he walked from pump to pump, his footsteps
erased in the rain—nothing
but the tiny numbers in their square windows
rolling by my shoulder, the unstoppable seconds
gliding by as I stood at the Chevron,
balanced evenly on my two feet, a gas nozzle
gripped in my hand, my hair gathering rain.
And I saw it didn’t matter
who had loved me or who I loved. I was alone.
The black oily asphalt, the slick beauty
of the Iranian attendant, the thickening
clouds—nothing was mine. And I understood
finally, after a semester of philosophy,
a thousand books of poetry, after death
and childbirth and the startled cries of men
who called out my name as they entered me,
I finally believed I was alone, felt it
in my actual, visceral heart, heard it echo
like a thin bell. And the sounds
came back, the slish of tires
and footsteps, all the delicate cargo
they carried saying thank you
and yes. So I paid and climbed into my car
as if nothing had happened—
as if everything mattered—What else could I do?
I drove to the grocery store
and bought wheat bread and milk,
a candy bar wrapped in gold foil,
smiled at the teenaged cashier
with the pimpled face and the plastic
name plate pinned above her small breast,
and knew her secret, her sweet fear,
Little bird. Little darling. She handed me
my change, my brown bag, a torn receipt,
pushed the cash drawer in with her hip
and smiled back.

Laux, D. 


the useless days will add up to something. the shitty waitressing jobs. the hours writing in your journal. the long meandering walks. the hours reading poetry and story collections and novels and dead people’s diaries and wondering about sex and God and whether you should shave under your arms or not.
these things are your becoming.
Cheryl Strayed, C. in Tiny Beautiful Things






"Comecei a amar-te no dia em que te abandonei. 

Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe “olá, amo-te” mas os lábios só disseram “olá, está tudo bem?”. Ficaram horas a conversar, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito (como é que fui deixar-te? como fui tão imbecil ao ponto de não perceber que estava em ti tudo o que queria?), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, de seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, a esconder as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo – apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar. 

De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona. 

Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “casei-me com outra para te poder amar em paz”. Ela disse: “casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“amo-te como um louco”) e as palavras de outro (“amo-te como uma louca”) disseram foi isso mesmo.

A rua parou, então, diante do abraço deles." 

Pedro Chagas Freitas in Prometo Falhar


back to basics.

Claro Intelecto - Peace Of Mind EP | 2003


"é ver os euros a voar quem nem drones" 
C.



An honorable human relationship — that is, one in which two people have the right to use the word “love” — is a process, delicate, violent, often terrifying to both persons involved, a process of refining the truths they can tell each other.

It is important to do this because it breaks down human self-delusion and isolation.

It is important to do this because in doing so we do justice to our own complexity.

It is important to do this because we can count on so few people to go that hard way with us.

Adrienne Cecile Rich (1929 - 2012) in On Lies, Secrets, and Silence: Selected Prose, 1966-1978


today is friday and i'm...
... ... ...
well... never mind.

{random poetry #86}


[ I felt a Funeral, in my Brain ]

I felt a Funeral, in my Brain,
And Mourners to and fro
Kept treading - treading - till it seemed
That Sense was breaking through -

And when they all were seated,
A Service, like a Drum -
Kept beating - beating - till I thought
My mind was going numb -

And then I heard them lift a Box
And creak across my Soul
With those same Boots of Lead, again,
Then Space - began to toll,

As all the Heavens were a Bell,
And Being, but an Ear,
And I, and Silence, some strange Race,
Wrecked, solitary, here -

And then a Plank in Reason, broke,
And I dropped down, and down -
And hit a World, at every plunge,
And Finished knowing - then -

Dickinson, E. (1830-1886)


{ more volition, less manipulation }


[ d(r)ead poetry ]



Pais falhados, amigos pedrados
Não vejo maneira de sair deste buraco
Miséria, crime, lixo, bicho
Niggas a roubarem para alimentarem vícios
Sai da frente, deixa-me passar
Eu sou velho delinquente eu não vacilo em disparar
Não tenho planos, sou vândalo suburbano
Violência, delinquência são o meu quotidiano
Hey, bacano, não entres no meu bairro
O último pagou caro, foi esfaqueado por causa dum cigarro
A velha, Maria Imaculada, Senhora respeitada
Foi apanhada levada, julgada
Tinha meio quilo de branca em casa debaixo da cama
De cana, fecharam a paróquia do Padre Góis
Cambada de bois, baptizavam meninos com espermatozóides
Uh, António da Rua Aguiar 'tá tão mudado
Vi-o sentado no Parque Eduardo Sétimo, no Sábado passado
Coitado, o rapaz 'tá tão magro
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
É um bonito ofício
Tão digno como ser Primeiro Ministro
Não tens a gravata, não tens o terno
Mas tens o cu para teu governo
Credo, eu sou um cidadão do Inferno
Á esquerda um preto que me quer assaltar
Á direita um branco que me quer explorar
Sempre enfrentado os outros, meio pedrado, meio ciente
Andando pelas ruas provocando toda a gente
Ao virar da esquina aparece a polícia
PSP, Porcos Seguem Pretos, vieram-me dizer bom dia
(- Faz favor de encostar à parede, tens alguma coisa que te comprometa, nós não te dissemos já que não te queríamos ver aqui? És tu que és o Halloween?)
O meu nome é Ali Bábá, tem calma meu
Só 'tou á espera da tua mãe mas ela não apareceu
(- Oh Jorge, este sacana é engraçado)
Começaram-me a espancar, a dar p'ra matar
Eu puxei dum cigarro, comecei a fumar
Pistola na minha cara, cara bué inchada
Algemaram-me à chapada e levaram-me para a esquadra
Eu já tinha jantado mas na esquadra serviram-me mais um prato
Comi tanto naquela noite que fiquei enjoado
Bófia agarrou na folha do meu cadastro
Mais porca que o porco do meu padrasto
Idade, 16 anos de marginalidade
Acusação, ladrão, deram-me ordem de prisão
(É a décima vez que a gente se vê
Preto do caralho vais dormir no xadrez)
Xadrez para mim é uma suíte
Paredes com cimento na minha casa não existe, é triste
Meteram-me na cela dum travesti magricela
Um Tuga agarrado mais conhecido por Cinderela
Pediu-me um cigarro disse que morava em Odivelas
Era um homem inocente, foi apanhado numa ruela
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)
(A dar o rabo p'ra comprar cavalo)

Público, público na esquadra era muito
Sempre pensei que era um gajo fodido mas não era o único

Ao lado de tanto marginal, eu era um miúdo
Putas, drogados, ladrões, chulos
Tanta escumalha, tantos gandulos
(- Hey senhor guarda vocês não podem prender putos
- Shh! Respeito pela farda, faz pouco barulho)
Eu conheço este porco, ele chama-se Varela
Maldito porco da PSP de Odivelas
Uma vez viu-me no parque a fumar a minha wella
Apagou-me o charro, fodeu-me uma costela
Ah, Varela, felino desgraçado
Se apanho o teu focinho eu mando-te com o caralho
O porco do teu filho anda na melhor faculdade
Com o dinheiro que rouba os dealers na cidade
O porco tem um bigode que é sua vaidade
Uma moto quatro, e duas casas no Algarve
O porco tem um trauma que é segredo
A sua ex-mulher fugiu com um ganda preto
(- Ahahah
- Pouco barulho caralho! Deves 'tar a querer levar mais?
- Então senhor guarda? Ahn... Deus me livre, eu calo-me já)
Três e meia finalmente saí da esquadra
Prenderam tanta gente que a cela ficou lotada
Tiraram os meus dados e mandaram-me para casa
Cravei uns trocos, telefonei à minha chavala
Mas para variar, a bitch não 'tava
Cabra de merda roda o bairro inteiro
Mas eu não a largo, a puta tem dinheiro
Cheguei a casa a porta 'tava arrombada
Vidros partidos na entrada, tinha sido assaltada
Desgraçado do meu primo, maior carocho da área
Tinha-me roubado um vídeo para comprar dose diária
Abri o frigorífico, nada p'ra beber
Virei a cozinha, nada p'ra comer
Deitei-me na cama comecei a tremer
Quatro da manhã não consigo adormecer
Olha no fundo do quarto a insónia
Porque é que não param de rir-se de mim!? Paranóia!
Não aguento nigga, a agonia é muito grande
Preciso de qualquer merda para mandar para o sangue
Gás ou gasolina dá-me que eu fumo
Alguém me faz um pica ou eu corto os pulsos, eu juro
Ninguém me ouve por mais que faça barulho
De repente, pareceu-me ouvir gente
Vozes a chamarem-me por mim na minha mente
Deve ser da fome, eu devo estar doente
Preciso de ajuda, por sinal, urgentemente
(Halloween)
(Halloween)
(Halloween)
(Ahahahah)
Afinal eram os meus niggas a baterem á porta
(- Então? Como é que é bruxa?
- Nu bai bruxa 'am busca droga?)
Bora, puta da insónia que se foda
Fomos comprar droga na esquina vinte e quatro
Esquina controlada por um dealer cadastrado
Dealer conhecido como Dino Diacho
Cara marcada com a cicatriz duma facada
Óculos escuros, fato, gravata
Charuto cubano, mala à diplomata
O índividuo tinha sido preso mais de vinte vezes
'Tava cá fora não fazia dois meses
Um Cabo-Verdiano escuro só andava de Mercedes
Entramos no bairro, gangsters em todo o lado
Calma mano só viemos comprar um charro
Cabo-Verdiano fez um sinal
Niggas ficaram calmos
Ofereceu-nos bebida, fomos testar o produto
No carro, damas bonitas, vinho do mais caro
'Tá-se bem nigga, hoje temos o dia ganho
Começámos a fumar, beber sem parar
Eu 'tava de jejum comecei a vomitar
Tiraram-me do carro ao pontapé e à chapada
Fingi que desmaiei mas não me serviu de nada
Nós eramos três, eles eram mais de vinte
Pontapés na minha cabeça pareciam dinamites
Consegui fugir mas esquecime do ...
Voltei para trás (Rapaz nhos é nha droga)
Desgraçados, cercaram-me deram-me um enxerto de porrada
Meus niggas fugiram, deixaram-me deitado na estrada
Cara rebentada, roupa rasgada
Ganda pedrada, cinco da madrugada
Deitado no vómito sem guito, sem angala
De repente sinto um flash
(E a luz se apaga, e baza, e baza, e baza...)

Fiquei desmaiado até uma velha me acordar
(Ai não te mexas filho que eu já chamei uma ambulância)
Ambulância? Afanei-lhe o fio, tirei-lhe a aliança
Cacei-lhe a carteira e pus-me à distância
Vizinhos ouviram gritos chamaram a policia
Com a jarda que eu tinha nem que chamassem a CIA
Nas costas, levar uma facada, nem sentia
Qualquer merda, mudara a minha batida cardíaca
O coração parava, o coração explodia
Nem o Obikwelu me apanhava da maneira que eu corria
Cheguei a Santo António já era de dia
Não há ninguém que goste de mim neste bairro
Parece que todo o mundo me quer mandar abaixo
Nigga 'tou no chão daqui já não caio
Os cotas do bairro, todos olham-me de lado
(Então rapaz? Quando é que arranjas um trabalho?)
Pergunta à tua mulher se ela precisa dum caralho
Tinha tantos amigos, fazíamos merda todos os dias
Um foi morto os outros foram para Caxias
Ás vezes fico a pensar, há-de chegar o meu dia
Mas não penso muito, a cabeça 'tá fodida
Vinte e quatro horas por dia com uma faca no bolso
Girando de esquina à esquina à procura do almoço
A ver se um gajo orienta guita pa apanhar moca
Se um gajo ca orienta, ta fica dodo
Já faz um mês e tal que não vou às aulas
Mais uma vez se calhar chumbei por faltas
Nunca fui burro nem um grande baldas
Os stores é que nunca foram com a minha cara
Uns diziam bem alto que eu lhes queria gozar
Meninos do SASE ponham o dedo no ar
Todos riam-se mas riam baixinho
Sabiam que lá fora levavam no focinho
Havia uma miúda chamada Bianca
Bianca era minha paixão de infância
Uma miúda mulata quase branca
Corria atrás dela desde criança
Mas ela não quis namorar comigo nunca
Diz que nunca viu um gajo tão chato, tão chunga
Vai Bianca se não gostas da minha roupa
A minha mãe não coze, o meu padrasto não compra
Saí daqui que tu cheiras mal da boca
Tu nem és bonita tu não és boa
Vou mas é largar a escola, montar a minha banca
Comprar umas roupas, fumar muita ganza
Vou comprar um Mercedes como aquele que o Dino manda
Depois vou voltar à escola, vou comer a Bianca
Dói-me as costas, a moca foi embora
A dor vai e volta, ajuda-me brotha
Foda-se
('Tou farto desta vida, que safoda.
Safoda)
('Tou farto desta vida, que safoda.
Safoda)
('Tou farto desta vida, que safoda.
Safoda)
('Tou farto desta vida, que safoda.
Safoda)
Um dia destes ainda pego numa pistola
Dou a banhada grande e vou-me embora
Vou para um lugar onde ninguém me conheça
Um lugar bem longe da minha cabeça
Eu tenho medo que ninguém se lembre de mim
Mas tenho mais medo, boy, de ficar aqui
Assim é o Karma, da vida de um malandro
Eu vou andando, vou-me arrastando
As minhas pestanas tão pesadas
Pesam uma tonelada
As minhas pernas tão cansadas
Quem me dera chegar a casa
Não sei se cheguei, acho que fiquei por ali
Deitei-me num banco de jardim e adormeci

Dia de um dread de 16 anos by Halloween



{random poetry #85}



[ Keeping Things Whole ]

In a field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.

[ The Remains ]

I empty myself of the names of others. I empty my pockets.
I empty my shoes and leave them beside the road.
At night I turn back the clocks;
I open the family album and look at myself as a boy.

What good does it do? The hours have done their job.
I say my own name. I say goodbye.
The words follow each other downwind.
I love my wife but send her away.

My parents rise out of their thrones
into the milky rooms of clouds. How can I sing?
Time tells me what I am. I change and I am the same.
I empty myself of my life and my life remains.

Mark Strand



learn who it is within you
who makes everything his own and says,
"my God, my mind, my thought, my soul, my body."
learn the sources of sorrow, joy, love, hate.
learn how it happens that one
watches without willing,
rests without willing, becomes
angry without willing,
loves without willing.
Monoimus


{ housekeeping dogs }


“'she can't help it,'
he said
'she's got the soul of a poet and the emotional makeup of a junkyard dog.'”
King, S., in Under the Dome


the audacity to feel

flora by Reis, P. & Almeida, G. 2014


“what is necessary, after all, is only this: 
solitude
vast inner solitude
To walk inside yourself and meet no one for hours
that is what you must be able to attain.”
Rainer, M., in Letters to a Young Poet